Revista do Projeto Pedagógico

V - Trabalhando com a Comunidade

3. Como a Comunidade Pode Participar do Planejamento Escolar

Em primeiro lugar, salientamos que a questão da participação está centrada na busca da justiça, da liberdade, de democracia e do coletivismo nas decisões. Trata-se de colocar em prática a atuação dos pais nos debates escolares, sem perder a eficácia de qualquer sistema educacional.
Trata-se, ainda, de unir aqueles que pensam sem fazer, com aqueles que fazem sem pensar, de tal forma que a escola se socorra das teorias e metodologias científicas, aplicando-as na prática, visando a uma educação de qualidade. Passar do discurso à prática deve ser nosso caminho, com ações que aproximem a escola da comunidade.

Essa escola pode, e deve, trabalhar para atender às aspirações populares, seus problemas e o encaminhamento de possíveis soluções, revendo valores, desativando mecanismos possivelmente inúteis, e ativando novos, que possam consolidar a estreita relação escola-povo no cotidiano das ações intra e extra escolares. Essas aspirações podem causar mudanças nas injustas condições sociais e passa a ser, portanto, a grande possibilidade de que a luta conjunta trará frutos, se construirmos a vivência participativa.

Se o povo sentir que sua cultura e valores são respeitados na sua escola, a teoria se transformará em práticas democráticas.

Daí que, entrada e permanência, são as primeiras condições de valorização do aluno e da comunidade. A escola precisa rever suas ações para que não "expulsem" os pais e alunos. Por isso precisamos diagnosticar, o saber e o pensar do povo, que quer, sim, escolas públicas com qualidade.

Não podemos confundir colaboração com participação. Chamar os alunos e pais para colaborarem com algo nebuloso não é a participação que desejamos. Chamá-los, ainda, para decidir alguns pontos já previamente escolhidos pela direção ou pelos professores, também não é o desejável. Participar é estar presente para decidir os rumos daquela instituição-escola é possibilitar que todos se sintam construtores dos encaminhamentos pedagógicos de uma escola e, assim, entender que a escola lhes pertence.

Abrir, durante todo o ano escolar, um debate público e coletivo de reflexão sobre obrigações e responsabilidade dos mais diferentes agentes sociais, sobre a educação que tanto almejamos - pública e de qualidade - é papel determinante que leva a atuação da comunidade ser extrínseca e intrínseca, ao mesmo tempo, enriquecedora de relações que poderão mudar o panorama educacional da U.E. Busca-se, com isso, uma forma que não seja paternalista e tampouco autoritária de relacionamento escola/comunidade, reconhecendo-se que a participação dos pais, nos diferentes momentos, resultará em contribuição para efetivar o trabalho educativo.

Comunicação é a palavra chave para envolver a efetiva participação. É necessário que as famílias tenham amplas e constantes informações da escola de tal forma que essa comunicação passe a ser elemento imprescindível na cooperação mútua da comunidade/escola, guardando-se, obviamente, a especificidade dos diferentes papéis que ambas representam (porém, com um fim comum).

Os conteúdos das mais diversas disciplinas podem e devem, aproveitando os temas transversais, ser os meios que possam estabelecer relações significativas entre os que aprendem, os que ensinam e os que vivem em comunidade. Usar os bairros, vilas, ruas, moradores, lideranças, festas religiosas, questões ambientais, jogos, no envolvimento motivador, levará a cultura local para dentro da sala de aula, o que dará como eco, sentido nas aspirações da comunidade, favorecendo a integração escola/comunidade, promovendo a efetiva cidadania de todos os segmentos.

INTEGRAÇÃO ESCOLA-COMUNIDADE


AÇÕES NECESSÁRIAS À CONSECUÇÃO DESSA META:

1. participação de professores, funcionários pais e alunos na APM e Conselho de Escola e de alunos no Conselho de Série e Classe ( neste caso a participação dos alunos é "Regimental", ou seja, obrigatória);

2. assembléia de Pais, a ser realizada periodicamente, com a direção para analisar problemas emergentes. Professores, funcionários e alunos serão estimulados a participar;

3. participação dos pais na primeira aula do Ensino Fundamental, na primeira semana de cada mês, uma série a cada dia da semana, com o objetivo de integrar os pais no processo pedagógico e cotidiano da escola prevenindo eventuais problemas;

4. eventos de lazer e cultura com a participação de alunos, pais e professores e pessoal de apoio,, organizados pela APM em determinadas ocasiões do ano letivo;

5. criação do Grêmio, se a escola ainda não o instituiu.


ETAPAS:

Eleição das Instituições auxiliares (APM e Conselho de Escola) em fevereiro de 2.001.
Convite aos pais para que venham, mensalmente, à escola para as aulas dos professores, segundo cronograma confeccionado pela direção, ouvidos os professores.

Cronograma de eventos culturais e de lazer elaborado, em conjunto, pela nova Diretoria Executiva da APM e Conselhos de Escola, logo após a eleição desse órgãos auxiliares.

Cronograma de assembléias reunindo direção, professores, funcionários, pais e alunos.


RECURSOS:

Financeiros se necessários- aqueles obtidos pela APM por meio da Cantina e outras promoções realizadas pela APM, no que diz respeito às atividades de lazer fora da escola e excursões culturais (museus, teatro etc..).


AVALIAÇÃO:

Levantamento dos resultados das ações nas HTPCs, no Conselho de Escola, no Conselho de Série e Classes, nas reuniões da APM a fim de se detectar os resultados obtidos e os progressos


SUGESTÃO

Durante o planejamento, convocar uma reunião de pais, para expor o conteúdo das disciplinas que vão ser trabalhadas com os alunos e as técnicas para se chegar a um bom resultado. Nesse dia, os pais seriam questionados e estimulados a dar sugestões que passariam, após debates, a fazer parte do Projeto Pedagógico daquela escola.

Se bem motivados os pais, aparecerá uma riqueza de sugestões viáveis de serem aplicadas.
Em determinada escola, após a reunião, um dos pontos levantados e aceito foi que a comunidade queria um Posto de Saúde no bairro. Isso porque a professora de Ciências comentou das necessidades higiênicas da população, possíveis doenças e a importância das vacinas como prevenção.

Na primeira semana de aula, esse foi o assunto básico e, nasceu, uma equipe, que levou o problema ao Prefeito. Em seis meses, o Posto de Saúde estava instalado. Todos os alunos e pais receberam uma "cartilha" sobre os serviços do Posto de Saúde. A escola elaborou, junto com pais e alunos, uma outra cartilha sobre higiene cotidiana no lar e nas ruas.

Após a inauguração, em vinte dias, apareceu, nas paredes do Posto de Saúde, uma pixação.
A escola chamou os pais, conversou e debateu o problema, juntamente com os alunos. Surgiu uma nova sugestão - a comunidade, no domingo, pintaria a parede pixada e a escola faria um desfile no bairro, com fanfarra, distribuindo folhetos feitos pelos próprios alunos e pais, entregando-os nas casas e nas ruas, convidando todos para visitar, novamente, o Posto de Saúde, agora pintado e mostrando a todos que o Posto era deles e não poderia ser destruído.

Nunca mais houve depredação naquele patrimônio público.

Eis uma contribuição que pode levar a escola a pensar e criar situações que envolvam a comunidade. Nesse envolvimento nascerá a esperança de uma escola melhor.


Decálogo
a ser seguido pelos gestores para a solução dos problemas de infra-estrutura das Escolas Públicas Estaduais


1
Se não houver merendeira na escola,
não será fornecida a merenda;

2
Se não houver pessoa responsável pela Biblioteca, ela permanecerá fechada;

3
Se não houver escriturários e secretário,
de acordo com o módulo, não haverá entrega de documentos na DE;

4
Se não houver verba para compra
de material e manutenção da sala de informática, o local não será utilizado;

5
Se não houver recursos para reparos e vazamentos no prédio escolar,
não haverá consertos;

6

Se não houver recursos para pintura do prédio, o prédio não será pintado;

7

Se não houver verba para a contratação de contador para a escola, não haverá prestação de contas à FDE;

8
Se não houver verba suficiente para a contratação de funcionários pela CLT,
o dinheiro será devolvido;

9
Se a mão-de-obra provisória
não for qualificada, será recusada;

10
Se as festas não tiverem o objetivo de integrar a escola à comunidade, não serão realizadas

A nossa escola é, por previsão constitucional, pública e gratuita. Portanto, ela tem de ser custeada pelos cofres públicos.

Todas as omissões do Estado, com relação aos itens acima, deverão ser objetos de ofícios da direção às Diretorias Regionais de Ensino, a fim de isentarem o diretor de eventuais responsabilidades administrativas.
Toda e qualquer ameaça de punição aos diretores associados da Udemo, por tomarem aquelas atitudes, será objeto de defesa jurídica por parte do Sindicato, seguida de denúncia ao Ministério Público e propositura de Ações Civis Públicas contra o Estado, pelo não cumprimento das suas obrigações para com as unidades escolares e pelos prejuízos causados à comunidade escolar.