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Revista do Projeto Pedagógico IV - Orientação aos gestores das unidades escolares 4. O papel do Supervisor de ensino no acompanhamento da escola Muitos
diretores mostram-se constrangidos com a presença dos supervisores
em suas unidades e, às vezes, enfadados com as exigências
de alguns quanto à organização do trabalhos pedagógico
e burocrático, tendendo a interpretá-los como interferência
indébita e fiscalizadora. Nós,
que acompanhamos, na entidade, processos administrativos e sindicâncias,
de maior ou menor gravidade, envolvendo colegas, percebemos que, de
muitos modos, uma supervisão exemplar e atenciosa poderia evitá-los.
Ocorre que o grande número de afazeres afeto aos diretores, numa
escola cada vez mais difícil de administrar, os induz naturalmente
à desatenção para questões aparentemente
secundárias, mas de suma importância em ocasiões
de crise interna no estabelecimento. Fácil é constatar
a complexidade de nosso trabalho diante do crescente número de
alunos, apresentando problemas vinculados a comportamentos negativos,
próprios de egressos de uma sociedade em crise de valores, desaguando
nas salas de aula; à legislação permissiva manietando
ações corretivas por parte dos dirigentes - excesso de
faltas por parte dos docentes, descumprimento de programas e planejamentos,
distorções do trabalho pedagógico em sala de aula,
intolerância nas relações professor- aluno, fazendo
com que tenhamos de resolvê-los, às vezes, por meio de
punições a preservar o "princípio de autoridade"
que se nos exige, etc...; a carência de funcionários, gerando
problemas que vão da limpeza do prédio a atendimentos
ao alunado; repetitivas exigências burocráticas, mas imprescindíveis
aos "papirófagos" órgãos centrais, solicitando
várias vezes os mesmos dados no decorrer do ano: as constantes
retiradas do Diretor de Escola para reuniões, nem sempre necessárias. Tudo
isso, leva-nos a esquecer que existe uma rotina a ser observada, fundamental
para a manutenção de uma escola razoavelmente organizada. Sob
este aspecto, avulta a participação do Supervisor de Ensino
e sua presença sistemática nas escolas, auxiliando a direção
num permanente diálogo franco e democrático com vista
a conduzi-la para um trabalho transparente e isento de falhas. Assim,
a supervisão poderá, através da constante verificação,
auxiliar a direção, ação essa à qual
não nos devemos opor, em nome da pseudo interferência em
nossa escola, sob pena de estarmos, deliberadamente, impedindo a solução
de problemas que, em última análise, poderão em
algum momento trazer-nos sérios prejuízos. Aliás,
os poucos supervisores que agem "policialescamente", normalmente
são incompetentes e acabam por "meter os pés pelas
mãos", até pelo desconhecimento da legislação
que deveria mover-lhes a ação. Dessa
forma, o supervisor cumpridor de suas obrigações deverá,
em suas visitas à escola: 1-
manter-se atento sobre o andamento das APMs, observando-lhes o funcionamento,
as reuniões estatutárias, seus balancetes (não
do ponto de vista estritamente contábil, pois não têm,
necessariamente, conhecimentos técnicos sobre a matéria),
mas da execução sistemática dessa obrigação
que, no caso das APMs, não pode ser atribuída ao diretor
por constituírem elas instituições jurídicas
dirigidas por pessoas eleitas para tal, sendo o diretor apenas o "Presidente
de Honra". Nesse caso, a direção seria o elo de ligação
entre a supervisão e a APM, posto que nenhum de nós costuma
deixar de acompanhar os feitos das associações de pais
e mestres. Quantas sindicâncias e quantos processos administrativos
já não ocorreram pela falta de acompanhamento às
APMs? Ora, a sistemática observação do andamento
delas evitaria, com certeza, quaisquer irregularidades, uma vez que
todos saberiam que alguém de fora mostra-se interessado no bom
funcionamento, que, afinal, é obrigação das DEs
e dos Supervisores, de acordo com o Estatuto Padrão que as regula; 2-
observar com atenção o funcionamento da Secretaria nos
aspectos escriturais relativos à movimentação de
alunos, prontuários de alunos e professores, preenchimento correto
de documentos, vida funcional dos docentes que não podem ter
seus benefícios postergados, visto perceberem salários
de fome. Sobre esse aspecto, parece inexistir a ação supervisora
pois, quantas vezes, são as nossas escolas a ter de colocar em
ordem a vida funcional de recém- egressos em razão de
a de origem nada ter feito nesse sentido; 3-
preocupar-se com o constante acompanhamento do Livro Ponto e do Diário
de Classe dos professores. Quanto ao primeiro, para que não se
deixe de verificá-los, apondo-se ao final do mês a assinatura
a cada página, o que nos enseja a oportunidade de observar a
assiduidade de servidores e docentes. Em relação ao diário
dos professores, lembrando-lhes da importância do correto preenchimento
deles, uma vez que não atendido o preceito poderão advir,
em determinados momentos, sérias dificuldades, quando precisarmos
retificar ou ratificar decisões do Conselho de Classe. Nesse
aspecto, cabe à Supervisão lembrar a escola de que não
deverá sonegar quaisquer informações à comunidade
quanto à legislação que lhe afeta. 4-
participar das reuniões pedagógicas e das HTPCs, trazendo
sua contribuição e subsídios e, fundamentalmente,
acompanhar, ao lado da coordenação e da direção,
o aproveitamento escolar, responsabilizando-se também pelo produto
final. Assim agindo, a supervisão reforçará a ação
dos diretores pela demonstração de que existe interesse
na integração escola- órgãos superiores,
no que tange à burocracia rotineira, mas, fundamentalmente, no
aspecto pedagógico, razão precípua da existência
das DEs e Supervisores. Acreditamos ser essa participação
importante, até mesmo para o aprimoramento da qualidade de ensino,
contando a escola com mais um profissional que pela sua formação
e atribuições deve estar equipado de saberes passíveis
de se integrarem às diretrizes e planejamentos de uma escola
que se quer de boa qualidade. Esquecer que a ação supervisora
deve ser prioritariamente pedagógica e, secundariamente, burocrática
é o primeiro passo para manter as unidades no "status quo". Aliás, quaisquer diretores interessados no crescimento de suas unidades são testemunhas do quanto uma supervisão atenciosa e preocupada com a eficiente organização escolar e o processo pedagógico contribui para o bom andamento do trabalho escolar. |
Decálogo A nossa escola é, por previsão constitucional, pública e gratuita. Portanto, ela tem de ser custeada pelos cofres públicos. Todas
as omissões do Estado, com relação aos itens acima, deverão
ser objetos de ofícios da direção
às Diretorias Regionais de Ensino, a fim de isentarem o
diretor de eventuais responsabilidades administrativas. |