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Revista do Projeto Pedagógico IV - Orientação aos gestores das unidades escolares 1.
O papel do dirigente regional no sistema educacional Assim, a infra-estrutura material e humana das DEs, em razão da inexistência de autonomia e orçamento próprios, é das mais precárias. Os recursos financeiros são restritos e as condições de trabalho nas DEs muito se assemelham às das unidades estaduais: faltam verbas para atender às emergências, nas escolas e na própria DE, ídem para tocar as Oficinas Pedagógicas (a maior parte delas absolutamente defasadas) e treinamentos de pessoal, dificuldades para alocar professores de alto nível para essas mesmas oficinas e, até mesmo, funcionários. E, se considerarmos, que as Oficinas poderiam prestar serviço inestimável na capacitação de professores e gestores, observamos o quanto de prejuízos advêm dessa precária infra-estrutura, para o ensino público? Por tudo isso, é comum pensar-se no Dirigente de Ensino (às vezes equivocadamente), como o grande burocrata do sistema. Entretanto,
não parece ser esse o papel que um verdadeiro e democrata Dirigente,
envolvido com a cidadania e melhoria da qualidade de ensino em sua jurisdição,
deva representar. Da mesma forma que, uma boa escola é a cara do diretor, uma DE, que possua boas escolas, no seu conjunto, estaria revelando a do seu Dirigente. Para que isso se constitua em verdade para todas as DEs, seria preciso que, antes de tudo, o Dirigente fosse um profissional, imbuído de princípios educacionais básicos, consubstanciados:
Ter
postura democrática junto aqueles que lhe estão mais próximos,
administrando, conjuntamente, os fatos educacionais de sua DE, após
amplo e contínuo diálogo educacional, em reuniões
com diretores, vice-diretores, supervisores e professores-coordenadores.
Postura
democrática, entretanto, não significa compactuar com
omissões dos gestores desta ou daquela escola ou deste ou daquele
supervisor. Todavia, essas omissões, não podem ser tratadas,
pelo Dirigente, por meio de sistemáticas recriminações
aos profissionais como soe acontecer em algumas DEs, mas através
do diálogo particular e franco, no qual o Dirigente daria provas
de sua competência educacional, orientando aqueles que, muitas
vezes, por desconhecimento, inexperiência e boa fé, cometem
transgressões ou não conseguem levar adiante um trabalho
de qualidade (Não é, porventura, pelo diálogo democrático
que muitos diretores conseguem transformar suas escolas em centros de
excelência?). Assim,
como defendemos que diretores de escolas estimulem quaisquer realizações
de alunos, professores, e funcionários, a fim de elevar-lhes
a auto-estima e o entusiasmo para o trabalho educacional e, conseqüentemente,
sua eficiência e produtividade, sustentamos, também, no
âmbito das Des, que seus Dirigentes, devam ter a mesma conduta
para com os que consigo trabalham. Ações intempestivas contra diretores, vices, supervisores, professores-coordenadores, por esta ou aquela falha, só podem provocar desânimo, desesperança e uma visão pessimista da educação pública. E isso ocorre nas DEs em que o Dirigente mostra-se insensível para com os problemas, eventualmente, vividos pelas escolas. E o resultado é, quase sempre, não conseguir a elevação da qualidade de ensino nas unidades dos recriminados.
Trabalho
Coletivo, no âmbito das DEs, no qual as decisões que interessam
à melhoria da qualidade de ensino sejam o resultado de amplas
discussões e consenso entre os interessados (supervisores, diretores,
vice-diretores, professores-coordenadores), que, se bem encaminhados,
fariam com que todos se comprometessem a cumprir metas estabelecidas
pelo coletivo das DEs. Nesse aspecto, é muito estranho que as
DEs não elaborem, com diretores, vice-diretores, supervisores
e professores-coordenadores, "Projetos" de melhoria de qualidade
de ensino para o conjunto das escolas e. não estabeleçam
propostas e metas a serem alcançadas pelo conjunto das unidades,
sob a liderança do Dirigente.
Ainda
que repousem na figura do diretor de escola, as maiores possibilidades
de promover a integração escola-comunidade, o Dirigente
também poderá contribuir para essa aproximação.
De que maneira? Promovendo debates sobre o tema com diretores e supervisores,
pais, membros das APMs e dos Conselhos de Escola, estimulando ações
de diretores/supervisores, nesse sentido. Quando
observamos, nos meios de comunicação, denúncias
sobre condições materiais precárias em muitas escolas,
tem-se a impressão de que essa DE, ignora o que se passa nelas.
Ainda que a DE não possua recursos para resolver os problemas,
quem sabe, conhecendo-os, possa pelo menos preveni-los, solicitando
medidas à FDE, que existe para isso. Elaboração de Projetos com diretores visando à preservação dos prédios escolares sob sua jurisdição, também contribuiriam para se impedir que unidades escolares, mormente, as de periferia das grandes cidades, chegassem a situações calamitosas como as que são noticiadas, quase diariamente, nos meios de comunicação.
O Dirigente, ainda que ocupe um cargo de confiança da administração, fá-lo transitoriamente. Esse transitório deverá projetar, para o futuro, marcas de eficiência, competência, honestidade, urbanidade e respeito para com todos os que o rodeiam. Em nossa longa carreira de diretores e supervisores, guardamos com carinho, em nossa memória, aqueles ex-Delegados e Dirigentes de Ensino, que demonstraram essas virtudes e o quanto elas contribuíram para um trabalho pedagógico de qualidade, tanto nas ex-Delegacias de Ensino e atuais Diretorias de Ensino, como nas unidades escolares a elas jurisdicionadas. A lealdade devida pelos dirigentes de ensino aos órgãos superiores (posto que Dirigente é cargo de confiança da SE), não o exime da solidariedade àqueles que enfrentam percalços materiais e humanos nas escolas afetas as suas DEs. Nesse sentido, o Dirigente deve ser, sempre, o intermediário entre a SE e a direção da escola, que sofre na carne todo o tipo de violências. Entendemos
que o Dirigente deva ser, junto a SE, um reivindicador de melhores condições
de trabalho para as suas escolas. Reivindicar não significa entrar
em conflito com os órgãos superiores ou com a Secretária
da Educação, mas levar ao conhecimento das autoridades
educacionais os dramas vividos pelas unidades que, às vezes,
os de cima não têm conhecimento (???) e que, se o tivessem,
poderiam, em certas circunstâncias, ser objeto de alguma ação
governamental, senão para resolvê-los, ao menos para minimizá-los.
Sabe-se que numerosas escolas encontram-se, há muito, com o módulo
de funcionários totalmente defasado. Ainda que os Dirigentes
não tenham poderes para alocar esses elementos, o mínimo
que se espera dele é que, pelo menos, comunique o problema à
SEE. Reconhecemos
que não é fácil aos Dirigentes assumirem posições
em defesa das escolas, junto a SEE pois, suas reivindicações,
podem, infelizmente, ser encaradas como contestação. Assumir posições democráticas, estimular o trabalho coletivo, proporcionar a integração escola-comunidade, solidarizar-se com a direção das escolas, reivindicar melhores condições de trabalho para suas DEs e escolas, farão dos Dirigentes líderes incontestes do sistema público estadual e peça fundamental para a escola de qualidade que tanto desejamos. Não seria esse o perfil do Dirigente desejado pela Secretaria da Educação?.
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Decálogo A nossa escola é, por previsão constitucional, pública e gratuita. Portanto, ela tem de ser custeada pelos cofres públicos. Todas
as omissões do Estado, com relação aos itens acima, deverão
ser objetos de ofícios da direção
às Diretorias Regionais de Ensino, a fim de isentarem o
diretor de eventuais responsabilidades administrativas. |