Revista do Projeto Pedagógico

II - Trabalhando com Alunos: Subsídios e Sugestões

4. Prática Pedagógica

Organizando a sala de aula
Uma professora mineira, do Vale do Jequitinhonha, costuma dizer que precisamos de escola que dêem, às crianças e aos adolescentes, "passaporte para viajar pelo mundo e também para escorregar nos anéis de Saturno com Emilia, Narizinho e o Visconde; que lhes apresente Alice, a que sabe o caminho no "País das Maravilhas", e os transforme em desbravadores das infinitas terras do Conhecimento". Para ela uma escola assim certamente faz muita diferença na vida de seus alunos.

Você não acha que a professora tem razão? Escolas como essas não são nunca esquecidas. Mas qual é a essência de escolas assim? Seguramente, ela está naqueles que lhes dão vida: o gestor, a equipe pedagógica, os funcionários e os alunos, com suas respectivas famílias. São essas pessoas que fazem a diferença nas escolas: emprestam-lhe luzes, fazem com que brilhem e saiam da vala comum. Você pode perguntar agora: mas quais são as características de uma equipe pedagógica assim? Para nós, escolas que despertam vocações produzem profissionais felizes e mais qualificados estão intensamente envolvidas com o conhecimento. Por essa razão, contagiam seus alunos, fazem com que se apaixonem por aprender, constroem novas idéias, enfrentam desafios e buscam soluções.

Mas como elas atuam? A resposta é simples: sempre em favor dos alunos. Todos que trabalham nessas escolas sabem que as crianças e os jovens precisam aprender e que não podem perder tempo. É por essa razão que agilizam o tempo pedagógico, em especial na sala de aula: a chamada não ocupa metade do período; a classe nunca fica à toa, esperando o professor preparar a aula ou corrigir cadernos dos alunos. Para essas pessoas, todo o período escolar é usado em prol da aprendizagem, e elas se esforçam para que todo o tempo disponível se transforme em tempo útil para aprender de maneiras diferentes e interessantes.

Nas escolas em que trabalham, já se espera que haja um certo ruído típico dos diálogos, da troca de idéias, dos debates do arrastar de móveis, para permitir trabalhos em grupo. Da mesma forma, em suas escolas há muitos materiais pedagógicos, muitos jogos, muitos livros, que podem ser encontrados na própria sala de aula ou guardados em locais em que os alunos e professores possam pegá-los e levá-los para lá. O bom gestor sabe que esta é uma questão importante: todo o material de trabalho está na escola para ser usado, e não para ser guardado a sete chaves, para que não se "estrague".

Equipes escolares que fazem a diferença trabalham como um time: de forma integrada, articulada, planejada. Todos os seus membros sabem que ensinar é um ofício sofisticado que vai ganhando em competência na medida em que é exercitado sob a coordenação de um gestor que tem compromisso com o sucesso de todos.

Mas um bom profissional não se faz de uma hora para outra, nem do dia para a noite. Em especial, ele não se faz sozinho: a troca com os colegas, as sugestões recebidas, os modelos de atuação observados, a orientação de um diretor experiente são essenciais para a constituição de um bom professor. É no intuito de colaborar com você que sugerimos algumas pistas que podem ajudá-lo a fazer parte da história de vida de seus professores. Vale a pena tentar! Mostre aos professores que:

1- A rotina escolar deve ser usada em proveito dos alunos e do professor.


Quantas vezes você não passa por salas de aula em que há uma gritaria constante do professor e dos alunos? Quantas vezes você não escuta: "Professora, acabei a lição! E agora, o que é que eu faço?". Você já parou para pensar nos motivos que levam as coisas a serem assim? Você já se deu conta de que tempo gasto em bobagem é tempo "roubado" da aprendizagem dos alunos? Para que esse ambiente deixe de ser tumultuado e se transforme em produtivo, é fundamental que se esclareça, para os alunos, qual vai ser a rotina diária dos trabalhos. Essa informação ajuda a orientar, torna-os mais autônomos e, melhor ainda, libera o professor para ajudar aqueles que estão precisando de auxílio.

2- É importante estabelecer as regras do jogo.

Professor competente investe, junto com seus alunos, na construção coletiva das regras de conduta, definindo os direitos e os deveres que regularão o cotidiano em sala de aula. Esse professor sabe que é preciso envolver os alunos na definição do que é possível e aceitável em sala de aula, deixando claro que as regras acordadas podem sempre ser mudadas, caso deixem de ser consensuais. Isso implica constante negociação, mas permite ao professor apelar, sempre que necessário, ao acordo firmado pela classe.

3- A sala de aula precisa ser um lugar bonito e organizado.

Uma sala de aula suja, de aspecto desleixado, com cadeiras quebradas, é o primeiro indício de que algo vai mal com a classe e com o professor. Ninguém gosta de estar em um ambiente feio e mal cuidado. A hostilidade do ambiente causa desprazer, e o desprazer repercute na aprendizagem. A forma como arrumamos a sala de aula reflete, ainda, a concepção de aprendizagem daquele que ensina: cadeiras enfileiradas, com alunos um atrás do outro, indicam que se espera apenas atenção aos ensinamentos do mestre, sem conversas entre colegas nem confronto de idéias. Quando a sala é "viva", isto é, quando seu arranjo muda em função da tarefa, ela evidencia uma distinta concepção do significado de aprender: um ato dinâmico, estimulante e instigante, do qual todos querem, podem e devem participar.

A dinâmica da sala de aula
A interação professor/aluno


A sala de aula é o espaço no qual professores e alunos se encontram e interagem em torno do conhecimento. Essa interação, que constitui a dinâmica da sala de aula, é em grande parte decorrente da forma como o professor vê o processo de ensino-aprendizagem. A idéia que se tinha no passado, de alunos como pessoas relativamente fáceis de serem moldadas e dirigidas a partir do exterior, não existe mais. Foi substituída pelo entendimento de que, ao contrário, eles selecionam determinados aspectos do meio físico e social, os assimilam e processam, conferindo-lhes significados. Com isso, a concepção de aprendizagem muda radicalmente.

Se antes a aprendizagem era vista como produto exclusivo do comportamento do professor e da metodologia de ensino adotada, agora as contribuições dos próprios alunos são ressaltadas: seus conhecimentos, capacidades e habilidades prévias; sua percepção da escola e do professor; suas expectativas e atitudes diante do ensino. É com crianças e jovens que já contam com tudo isso que o professor tem de lidar em sala de aula: uns são mais cordatos, outros mais difíceis; uns acatam, outros resistem. Pouco a pouco, os alunos vão se apropriando dos ensinamentos da escola, à luz do que já conhecem. Nessa medida, constroem seus conhecimentos.

Mas, como vimos, nossos alunos não constroem sozinhos seus conhecimentos. O caráter construtivo da aprendizagem só aparece na interação mantida com os professores e colegas. A construção do conhecimento é, portanto, um processo coletivo, que envolve alunos, professor e conteúdos de aprendizagem. Compete ao professor ajudar seus alunos a se apropriar dos conteúdos escolares. Mas em que consiste o auxílio que o professor deve dar? Tudo indica que a "boa" ajuda está diretamente ligada à forma como o aluno é percebido.
Se ele for visto como competente, menores serão o direcionamento e o nível de ajuda fornecido pelo professor. E vice-versa: para uma percepção de menor competência, maior a ajuda e o direcionamento. Claro que quanto mais afinado o "olhar" do professor com a situação efetivamente vivida pelo aluno, mais ajustado será seu auxílio e mais eficaz seu ensino. Em outras palavras a eficácia do ensino depende, em grande parte, de quanto as intervenções realizadas pelos educadores são compatíveis com o nível de dificuldade que os alunos enfrentam: mais dificuldades, maior a ajuda; menos dificuldades, menor a ajuda, até que ela se torne dispensável, pois o aluno aprendeu.

Nesse sentido, é importante destacar que se a ajuda é essencial para a aprendizagem, ela é, ao mesmo tempo, transitória. Diminui e, eventualmente, desaparece à medida que o aluno ganha, na percepção do professor, autonomia e responsabilidade. Podemos dizer, então, que a interação social em sala de aula, para ser produtiva, requer algumas condições.Assim, para se beneficiar da ajuda do professor, é preciso que ela:

  • Seja percebida como necessária.
  • Corresponda à necessidade de quem a recebe.
  • Seja formulada de forma compreensível.
  • Seja prestada tão logo a dificuldade se manifeste.
  • Possa ser utilizada assim que for recebida.

Os desafios da interação

Se a interação social é central na aprendizagem, ela também traz muitos desafios. Como o professor deve proceder, ao tentar retirar paulatinamente a ajuda que oferece? Que procedimentos utilizam para verificar se o aluno realmente aprendeu? O que faz, ao se dar conta de que a aprendizagem não ocorreu? Por que, em certas condições, parece ser tão difícil ensinar? Que papéis desempenham, nessa dificuldade, a natureza da tarefa e a dos conteúdos a serem trabalhados? Claro que não há respostas prontas, mas é possível fazer algumas suposições. Assim, diríamos que o professor eficiente é aquele que, quando interage com seus alunos, segue um roteiro cujos principais pontos são:

Estabelecer, no começo do ano escolar, a rotina diária e as regras de conduta a serem seguidas por todos.
" Conhecer bem os alunos: suas competências, seus conhecimentos e habilidades, bem como suas referências socioculturais e seus interesses.
" Preparar bem a aula, articulando o que os alunos conhecem e os conteúdos que precisam ser aprendidos, imprimindo fluidez e ritmo nas lições.
" Introduzir um conteúdo novo fazendo perguntas, problematizando situações, verificando quais são as hipóteses dos alunos sobre o assunto.
" Empregar tarefas diversificadas, compatíveis com o nível de dificuldade dos alunos e adequadas às suas necessidades.
" Oferecer material de consulta variado e relevante.
" Criar condições para os alunos sistematizarem os conteúdos aprendidos, usando estratégias de fixação e, em especial, de aplicação dos novos conceitos.
" Incentivar o pensamento independente.
" Encorajar a autonomia do aluno.
" Abrir possibilidades efetivas de obtenção de ajuda para todos.
" Avaliar sistematicamente a aprendizagem.
" Fazer dos erros cometidos pelos alunos oportunidades de aprendizagem.
" Propiciar ocasiões para recuperação e reforço da aprendizagem.
" Retomar os conteúdos aprendidos antes de introduzir novos.
Professor é uma peça chave no processo de aprendizagem de seus alunos, mas não é a única. Os próprios colegas constituem, em determinadas circunstâncias, influência educativa importante na aprendizagem, um papel antes reservado apenas ao professor. Mas por que se diz em algumas circunstâncias? Na verdade, porque é, sobretudo, em atividades que envolvem colaboração que os alunos conseguem atuar como docentes, ensinando seus companheiros. Se essa atividade for competitiva, pouco ou nenhum impacto é observado: um aluno impõe seu ponto de vista aos outros, e ponto final. De igual maneira, nada se ganha quando não há o que trocar. Esse é caso quando todos têm a mesma visão sobre o assunto. Em tarefas de colaboração, por sua vez, o resultado na aprendizagem é evidente: todos progridem mais do que em atividades realizadas individualmente pelos mesmos alunos. Isso significa que tarefas em colaboração promovem o progresso intelectual porque:
" Levam cada membro do grupo a estruturar melhor sua atividade, ao explicá-la e articulá-la com os demais.
" Facilitam a compreensão, levando ao aprimoramento e/ou ao aparecimento de novas competências individuais.
" Promovem o diálogo de pontos de vista diferentes, de modo que se pode comparar a própria visão com a alheia.
" Permitem identificar a natureza da divergência existente entre as posições em jogo.

Trabalho diversificado

Grande parte do que se chama "problema de aprendizagem" é, na verdade, "problema de ensino". Ensinar é mesmo difícil, quando temos em sala de aula cerca de 40 alunos, todos eles tão diferentes entre si! Como proceder para que todos aprendam? Em geral, as escolas optam por dois caminhos: um deles é tentar formar classes homogêneas em termos de conhecimentos, esquecendo-se de que esse procedimento tem forte impacto no autoconceito do aluno. Sempre se sabe em que "classe" se está: se na dos fortes, na dos médios ou na dos fracos. Se o aluno estiver na sala dos "bons", ele vai se achar o máximo e fazer de tudo para continuar assim. Mas se estiver na dos "fracos" e, pior, se tiver sido remanejado, ou seja, sistematicamente despejado de uma classe para outra, sucessivas vezes (como é freqüente acontecer), o resultado é só um: descrença na própria competência para aprender, desânimo, nenhuma vontade de estudar. O autoconceito fica destroçado. Além disso, formar classes homogêneas implica desconsideração pelo fator idade, que determina grande parte dos interesses e motivações dos alunos. Colocar alunos mais velhos com mais novos cria, geralmente, dificuldade para os dois lados. Resumindo: organizar classes homogêneas é impossível, porque as crianças ou os jovens são sempre diferentes.

O outro caminho é buscar trabalhar de forma diversificada, mantendo o grupo-classe coeso estimulado. Você pode estar se perguntando: mas não é muito mais fácil para o professor ensinar crianças que se encontram em um mesmo patamar de conhecimentos e habilidades? E nós responderemos categoricamente que não, que este é um mito perverso da cultura pedagógica brasileira. E sabe por que? Porque a interação entre iguais, conforme vimos, fica muito empobrecida e sem graça. Quando você tem, em uma mesma sala, alunos que aprendem mais depressa e outros mais devagar, um estimula o outro. Os que tem ritmo mais acelerado podem ajudar os mais lentos e, ao agir assim, são obrigados a organizar seu próprio pensamento, percebendo suas falhas e seus pontos fortes. Os que caminham de maneira mais vagarosa, por sua vez, sentem-se desafiados a aprender.

Para trabalhar com grupos heterogêneos - dado que as crianças são sempre diferentes entre si - cabe temperar a aula, ter um bom manejo de classe e, em especial, saber usar estratégias variadas, para que todos recebam a atenção necessária por parte do docente. É importante, portanto, fazer exposições para o grupo como um todo, formar grupos de colegas para trabalho coletivo e abrir tempo e espaço para atendimento individualizado. Com isso, a interação professor-aluno fica mais dinâmica e o professor pode acompanhar mais de perto o processo de aprendizagem de seus alunos. Vamos ver as vantagens de cada uma dessas estratégias de ensino?

" Atendimento individualizado. Como se sabe, cada aluno é único, diferente de todos os demais. Por isso, é compreensível que os professores tenham como aspiração oferecer orientação mais individualizada, que lhes permita atender todos e cada um. É esse um dos grandes motivos pelo qual os professores reclamam por terem tantos alunos na classe: acham que não conseguem ensinar todos na medida em que gostariam. O contato mais próximo possibilita conhecer melhor cada aluno, suas características, suas dificuldades e dúvidas. Quando um aluno não está conseguindo entender determinado conteúdo ou realizar certa tarefa, é vital que o professor dedique mais de seu tempo a ele. Procurar criar espaços, ainda que semanais, para, por exemplo, dedicar-se a necessidades específicas de alguns alunos pode ser mais proveitoso do que tentar avançar com todos sem que haja condições para tal.

" Trabalho em grupo - Esta modalidade de ensino leva os alunos a interagir com seus colegas e com o professor, permitindo que recursos individuais sejam partilhados. No grupo, os alunos parecem se sentir mais à vontade para apresentar suas idéias, contrapor pontos de vista, fazer perguntas. Com a ajuda da professora, aprendem a planejar seu trabalho, a "negociar" entendimentos divergentes, a organizar sua maneira de proceder, a perseguir soluções e avaliá-las em face dos resultados alcançados. Em grupo, chegam a conclusões que sozinhos, não encontrariam. O trabalho em grupo cria situações que favorecem a troca, o desenvolvimento da sociabilidade, da cooperação e do respeito mútuo entre os alunos.

" Trabalho com o conjunto da classe. Este tipo de estratégia é excelente ocasião para sistematizar conhecimentos, estimular o esclarecimento de dúvidas e articular conceitos. Além disso, oferece, a todos os alunos, a noção de que eles estão acompanhando o ritmo da classe e, assim, preserva o autoconceito de cada um. Mas sempre existe um outro lado. O risco de trabalhar com o conjunto da classe é que alguns alunos, justamente os que enfrentam maior dificuldade, podem ficar "perdidos", e os mais avançados, aborrecidos e entediados. Por essa razão, é preciso saber muito bem quando recorrer a esta forma de ensinar. A ordem é, mais uma vez, fazer um planejamento cuidadoso do ensino, levando em conta o que se conhece de cada aluno.
" Todas essas estratégias devem ser usadas em sala de aula, discriminando-se, com sabedoria e bom senso, qual delas usar em cada momento. O principal critério a ser seguido está nos objetivos da tarefa: o "como fazer" é uma conseqüência do "para que fazer"!

As representações mútuas de professores e alunos
Um dos componentes básicos para se compreender o tipo de relação que se estabelece entre professores e alunos são as representações, ou seja, as imagens que uns fazem dos outros. Grande parte de nossa maneira de ser depende da forma como percebemos e interpretamos as ações e falas daqueles que nos cercam. Esse é um princípio sempre válido nas relações humanas e afeta, conseqüentemente, a totalidade do processo de ensino-aprendizagem. A representação que o professor faz de seus alunos influi sobre o que pensa e espera deles. Ela leva o professor a valorizar uns alunos e a menosprezar outros; a ser complacente com uns e rigoroso com outros; a se sentir motivado com uns e desanimado com outros.

As imagens que se fazem do outro, as representações, atuam também sobre os alunos. A depender delas, o apreço pelo professor será maior ou menor. A atenção ao que ele diz irá igualmente variar, bem como a importância dada à disciplina que ele leciona. Mas de onde vêm as representações? Provavelmente, sua principal fonte está no encontro que se dá entre alunos e professores e na observação recíproca das características e dos comportamentos de cada um. Com isso, constroem-se imagens iniciais que acabam sendo, freqüentemente, reafirmada no decorrer das atividades cotidianas. O professor tende a comparar o aluno que está diante dele com a representação do aluno ideal, construída ao longo de sua trajetória profissional: se ele se enquadra nessa representação, é bem aceito; caso contrário, quando se afasta dessa imagem, é encarado de forma negativa.

Como os professores tem trajetórias parecidas, a representação de aluno ideal tende a ser bastante semelhante. Assim, os professores investem mais em alunos bonitos, bem arrumados e cheirosos; naqueles que demonstram maior motivação, responsabilidade e participação; nos que evidenciam aprender com facilidade; nos que vão para a escola com o material pedido. De igual modo, muito antes de entrar na escola, os alunos já formaram uma idéia também idealizada do que é um professor: ouviram seus irmãos ou pais falarem sobre seus professores, viram aulas na televisão, escutaram histórias sobre docentes. Essa idéia é ativada diante do professor que está à sua frente. Despertando sentimentos positivos ou negativos.

Perigo!

As representações dos professores acerca de seus alunos geram expectativas de desempenho escolar. Conheça o efeito Pigmalião, descoberta em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, na década de 60. O estudo chama-se "Pigmalião em sala de aula". Sabe quem foi Pigmalião? Ele é o personagem central de uma lenda. Segundo consta, foi um escultor que se apaixonou pela estátua de uma linda mulher, esculpida por ele mesmo. Os deuses decidiram, depois de ele muito insistir, conceder vida à estátua.

Um grupo de pesquisadores pôs à prova a hipótese de que os alunos sobre os quais os professores têm mais expectativas, acreditando que podem aprender mais facilmente, são, efetivamente, os que fazem maiores progressos. Após aplicarem um teste de inteligência em todos os alunos de uma dada série, foram selecionados, ao acaso, 20% deles. Esse grupo de alunos foi apresentado para seus professores como o grupo de "gênios", aqueles que certamente se sairiam bem nos estudos. Mas, de fato, ninguém consultou os resultados do teste de Q. I. (Quociente de Inteligência), de modo que havia de tudo naquele grupo: desde pessoas muito inteligentes até outras nem tanto.

No final do ano letivo, os pesquisadores voltaram à escola, e sabe o que descobriram? Que tiveram êxito e foram reconhecidos efetivamente como ótimos alunos aqueles que os pesquisadores tinham indicado como tal. Os que não faziam parte do grupo foram, muitas vezes, desencorajados por seus professores, que não acreditavam em suas possibilidades de aprender. Com isso ficamos sabendo que as expectativas que criamos para nossos alunos (ou para nossos professores) podem acabar por se transformar em realidade. Crenças e expectativas tornam-se, com freqüência, profecias que acabam por se confirmar. Assim, se quisermos levar todos os nossos alunos a aprender, é importante que tenhamos acerca deles crenças e expectativas positivas. Os professores são uma espécie de Pigmalião: tem o poder de esculpir seus alunos de acordo com seus desejos e expectativas.

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Como promover o sucesso da aprendizagem
do aluno e a sua permanência na escola?

Módulo IV - Progestão Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares - Marta Wolak Grosbaum, Cláudia Leme Ferreira Davis; Coordenação Geral Maria Aglaê de Medeiros Machado - Brasília: CONSED - Conselho Nacional de Secretários de Educação, 2001.

Decálogo
a ser seguido pelos gestores para a solução dos problemas de infra-estrutura das Escolas Públicas Estaduais


1
Se não houver merendeira na escola,
não será fornecida a merenda;

2
Se não houver pessoa responsável pela Biblioteca, ela permanecerá fechada;

3
Se não houver escriturários e secretário,
de acordo com o módulo, não haverá entrega de documentos na DE;

4
Se não houver verba para compra
de material e manutenção da sala de informática, o local não será utilizado;

5
Se não houver recursos para reparos e vazamentos no prédio escolar,
não haverá consertos;

6

Se não houver recursos para pintura do prédio, o prédio não será pintado;

7

Se não houver verba para a contratação de contador para a escola, não haverá prestação de contas à FDE;

8
Se não houver verba suficiente para a contratação de funcionários pela CLT,
o dinheiro será devolvido;

9
Se a mão-de-obra provisória
não for qualificada, será recusada;

10
Se as festas não tiverem o objetivo de integrar a escola à comunidade, não serão realizadas

A nossa escola é, por previsão constitucional, pública e gratuita. Portanto, ela tem de ser custeada pelos cofres públicos.

Todas as omissões do Estado, com relação aos itens acima, deverão ser objetos de ofícios da direção às Diretorias Regionais de Ensino, a fim de isentarem o diretor de eventuais responsabilidades administrativas.
Toda e qualquer ameaça de punição aos diretores associados da Udemo, por tomarem aquelas atitudes, será objeto de defesa jurídica por parte do Sindicato, seguida de denúncia ao Ministério Público e propositura de Ações Civis Públicas contra o Estado, pelo não cumprimento das suas obrigações para com as unidades escolares e pelos prejuízos causados à comunidade escolar.