Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, de 20/03/09

Escola top usa fanfarra e xadrez para melhorar ensino
Colégio na zona leste lidera ranking dos colégios de 1ª a 4ª, com a nota 6,37

Diretora do Blanca Zwicker Simões diz que essas atividades incentivam o aluno e "ajudam a despertar a atenção e a reflexão"

Encravada em um polo rico da carente zona leste paulistana, a escola estadual Professora Blanca Zwicker Simões obteve a melhor colocação entre as instituições de 1ª a 4ª séries da capital com estímulo ao xadrez, damas, concurso de redação e poucas faltas dos professores.

Com cerca de mil alunos, a escola teve nota 6,37 no Idesp, em uma escala de 0 a 10 -ficou 0,4 acima da meta. A Blanca é campeã do ranking desde a criação do índice, em 2007.

"Para ter boas avaliações como as que tivemos, é preciso um bom trabalho em equipe e uma boa comunicação com os pais dos alunos", afirma Edy Baldassi, diretora desde 2002.

A escola fica no Jardim Anália Franco, cujos prédios de luxo o tornam uma espécie de ilha de riqueza na região.

Segundo a diretora, na escola não há só "filho de gente com dinheiro". "Tem o filho da empregada que trabalha aqui e vem lá de Itaquera."

Além de darem lição de casa para os alunos e corrigirem os trabalhos, os professores costumam informar os pais quando os filhos têm alguma defasagem ou fazem bagunça.

Um dos diferenciais é o envolvimento dos professores em pensar atividades que beneficiem o crescimento dos alunos.

Em 2008, por exemplo, a escola escolheu o tema ambiente para tratar no período letivo. Além de fazer cartazes, os alunos participaram de um concurso de redação. Os melhores textos foram publicados em um livro feito de papel reciclado.

No recreio, opções que desenvolvem o raciocínio: os professores decidiram deixar à disposição gibis e jogos de damas.

Um tabuleiro gigante pintado no chão do pátio incita os alunos a jogar xadrez -eles são as próprias peças. "Ajuda a despertar a atenção e a reflexão."

Outra atividade são as aulas de fanfarra, aquelas bandinhas que acompanham cortejos civis. Às segundas-feiras, uma turma de alunos fica mais uma hora na escola para essas aulas.

Diferentemente das escolas mais mal-avaliadas, na Blanca os professores quase não faltam. "Digo com segurança que as faltas são muito poucas, e sempre há professores para que os alunos não fiquem sem aulas", diz Edy. (LAS)

 

Decálogo
a ser seguido pelos gestores para a solução dos problemas de infra-estrutura das Escolas Públicas Estaduais


1
Se não houver merendeira na escola,
não será fornecida a merenda;

2
Se não houver pessoa responsável pela Biblioteca, ela permanecerá fechada;

3
Se não houver escriturários e secretário,
de acordo com o módulo, não haverá entrega de documentos na DE;

4
Se não houver verba para compra
de material e manutenção da sala de informática, o local não será utilizado;

5
Se não houver recursos para reparos e vazamentos no prédio escolar,
não haverá consertos;

6

Se não houver recursos para pintura do prédio, o prédio não será pintado;

7

Se não houver verba para a contratação de contador para as escolas, não haverá prestação de contas à FDE;

8
Se não houver verba suficiente para a contratação de funcionários pela CLT,
o dinheiro será devolvido;

9
Se a mão-de-obra provisória
não for qualificada, será recusada;

10
Se as festas não tiverem o objetivo de integrar a escola à comunidade, não serão realizadas

A nossa escola é, por previsão constitucional, pública e gratuita. Portanto, ela tem de ser custeada pelos cofres públicos. Todas as omissões do Estado, com relação aos itens acima, deverão ser objetos de ofícios da direção às Diretorias Regionais de Ensino, a fim de isentarem o diretor de eventuais responsabilidades administrativas.
Toda e qualquer ameaça de punição aos diretores associados da Udemo, por tomarem aquelas atitudes, será objeto de defesa jurídica por parte do Sindicato, seguida de denúncia ao Ministério Público e propositura de Ações Civis Públicas contra o Estado, pelo não cumprimento das suas obrigações para com as unidades escolares e pelos prejuízos causados à comunidade escolar.