Espaço Literário

Este é um espaço reservado para a literatura. A intenção é que ele seja preenchido preferencialmente, mas não exclusivamente, com as colaborações dos nossos associados. Portanto, revele o artista que há dentro de você, enviando-nos suas matérias para publicação.

Decálogo
a ser seguido pelos gestores para a solução dos problemas de infra-estrutura das Escolas Públicas Estaduais


1
Se não houver merendeira na escola,
não será fornecida a merenda;

2
Se não houver pessoa responsável pela Biblioteca, ela permanecerá fechada;

3
Se não houver escriturários e secretário,
de acordo com o módulo, não haverá entrega de documentos na DE;

4
Se não houver verba para compra
de material e manutenção da sala de informática, o local não será utilizado;

5
Se não houver recursos para reparos e vazamentos no prédio escolar,
não haverá consertos;

6

Se não houver recursos para pintura do prédio, o prédio não será pintado;

7

Se não houver verba para a contratação de contador para a escola, não haverá prestação de contas à FDE;

8
Se não houver verba suficiente para a contratação de funcionários pela CLT,
o dinheiro será devolvido;

9
Se a mão-de-obra provisória
não for qualificada, será recusada;

10
Se as festas não tiverem o objetivo de integrar a escola à comunidade, não serão realizadas

A nossa escola é, por previsão constitucional, pública e gratuita. Portanto, ela tem de ser custeada pelos cofres públicos.

Todas as omissões do Estado, com relação aos itens acima, deverão ser objetos de ofícios da direção às Diretorias Regionais de Ensino, a fim de isentarem o diretor de eventuais responsabilidades administrativas.
Toda e qualquer ameaça de punição aos diretores associados da Udemo, por tomarem aquelas atitudes, será objeto de defesa jurídica por parte do Sindicato, seguida de denúncia ao Ministério Público e propositura de Ações Civis Públicas contra o Estado, pelo não cumprimento das suas obrigações para com as unidades escolares e pelos prejuízos causados à comunidade escolar.

LIVROS
Gestão de Qualidade em Tempos de Mudança, de Ismael Bravo, Ed. Alínea

O livro apresenta, de forma didática, a metodologia básica da Gestão baseada na Qualidade. Introduz um conjunto de ferramentas de comprovada eficácia para uma Gestão de Qualidade fundamentada em princípios teóricos e práticos. Estabelece sua sustentação nas carências e virtudes da sociedade e na gestão das necessidades intrínsecas à realidade das relações humanas independente da ciência que dela se valha.
I
Introduz o gestor na fundamentação necessária para o exercício de suas atividades em organizações dos diversos setores da sociedade: industrial, ambiental, de saúde pública, de varejo, educacionais etc., sendo recomendado como texto básico para as disciplinas que tratam da Administração nos cursos de graduação e pós-graduação.

Embora enfatize, principalmente, os aspectos relativos à educação, o livro será, com certeza, útil a todos os que se interessam por gestão de organizações ou atuam como administradores.

Gestão Educacional no contexto da Territorialização, de Ismael Bravo, Ed. Alínea

Para promover a integração e participação na Gestão Escolar, visando uma maior motivação dos alunos, é preciso considerar as condições sociopolíticas e econômicas em que eles e sua escola estão inseridos. A estratégia, por excelência, para a promoção da qualidade do ensino está na participação da sociedade comprometida com a democracia, o que possibilita enfrentar as desigualdades econômicas, políticas e culturais. A formulação de políticas educacionais deverá, também, levar em conta aspectos como a conurbação, que se constitui do encontro entre duas ou mais cidades; a favela, formada pelo conjunto de habitações construído de forma irregular em locais sem infra-estrutura social básica; a periferia, contorno indicativo da delimitação geográfica, pelo conjunto de bairros distantes do centro urbano de uma cidade, e as áreas de transição faixas territoriais em que não há uma homogeneidade na definição dos aspectos sociais, econômicos e culturais. A inquietude do tema surge pela desatualização das bibliografias, no universo educacional, ao contextualizar o espaço geográfico e, em especial, para a gestão das políticas públicas educacionais. Para melhor compreender o modo como a sociedade civil organizada trata a educação local, traz-se, à luz da realidade metropolitana, a relação existente entre a educação e a comunidade, considerando o modo como ocorreu o processo educativo, ao longo dos anos, e as características sociais, políticas e econômicas da região, de modo que fundamentem a necessidade de uma política pública educacional calcada na realidade territorial.

Ismael Bravo: Mestre e doutor pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Pró-diretor de graduação da União das Faculdades da Organização Paulistana Educacional e Cultura - UNOPEC, pesquisador do Laboratório de Gestão Educacional - LAGE da FE/UNICAMP, diretor vice-presidente do Instituto de Pesquisa e Extensão em Educação - IpqEX e consultor em políticas de educação e sistemas educativos no setor público e privado, tendo atuado em organização transnacional classe mundial em gestão.


Nilton Manoel
tem diversos "prêmios" pela
Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel,


Eis de novo o bom menino,
doce,amigo,humilde e irmão,
pedindo votos de joelhos
na cidade e no sertão.
Traz na mão lindo santinho,
mostra ao povo mais "carinho"
o mestre da enganação...

Por amor a Deus e à vida,
grite: -Basta de lambança!
Com o voto atinja o alvo,
a pátria quer esperança
e o povo comida em casa.
Desse atrazo ,corte a asa
que ele quer é vida mansa.

Mande esse cara para casa
que o sangue dele é burguês...
Não fala a língua do povo!
pelo povo, o que já fez?
Quer do voto eterno o trono
enquanto o povo sem sono
chora o salário do mês.

Já conheço esse tinhoso
quando eleito é desacato
cai no mundo em boa vida
cospe até no próprio prato
para se ver na telinha,
como é franco esse carinha
não respeita o seu mandato?

Agora, meu povo, é a vez
de cobrar-lhe a má fé,
dizer-lhe não com o voto,
continuismo não dá pé.
Está na hora de ir pra casa,
fritar-se na própria brasa
beber do próprio café.

O cara tem que ir pra fila:
da saúde, água e luz,
pagar as contas da conta,
levar de povo a mesma cruz.
Mande esse líder de araque
sentir o peso do baque
de povo em túnel sem luz.

Mande esse cara pra casa
que ele só quer mordomia,
enquanto o povo tropeça
na mais rude carestia,
pousa ele de bom cristão,
nem sabe o custo do pão,
no balcão da padaria.

Mande esse cara para casa,
lavar louças,limpar chão;
Tire o cara da moleza
para dar vida à nação.
O Brasil quer gente nova,
que o povo cheio de sova
quer sair da perdição.

Sábia e Terna

Chegaste sábia e terna numa tarde
Por meses não te deixei
Eu era o único tu sempre dizias
Sentia que havia alguma verdade
Recusava admitir
Que podias receber em ouro
Pelo que me davas de graça
Hoje creio
Esperavas as minhas mãos adolescentes
Eu mal controlava o gesto

Um dia te encontrei
Com a noite sobre os teus cabelos claros
Escapavas das palavras
Nos teus olhares taciturnos e lentos
Como se a avidez de espadas dos meus dedos
Não fosse aquela que querias embainhar
Como eras delicada

Na manhã seguinte partiste como chegaste
Ficou o silêncio que esqueceste em minha mente
Faz tanto tempo

Despertar

Lentamente
Um espreguiçar de gata dengosa
Nem chegar ao despertar
Vais ficar como ficas
Fazer o que sempre fazes
Deixa o tempo passar

O sol fez o seu giro
Mergulho novamente
Volta a se despir no mar
Buscou o fundo das águas
Até te encontrar
Nua no novo dia

Então saberei
Pelo sabor da maresia
Que distraída exalas
Pela brisa morna em meu rosto
Que sopras quando te achegas
Ter chegado a manhã de poesia

A Luz e o Vento
A Eliane

Onde o vento escorre pelas mãos
Sempre se fizeram os encontros
Os portos acolhem todos os barcos
E a esperança brilha nos olhos humanos

Onde o vento gela a garganta
A tristeza anda por nossos pés
Não há festa onde há tanta sede
Nem perfume nesse tipo de paz

Onde o vento sustenta a luz
Erguemos um monumento
Distribuímos o riso e o tempo
Sentimos que valemos tudo mais

Silêncio II
Ao Rodrigo e a Juliana

Quero o silêncio eloqüente das flores
Que dizem que não foste
Ainda te esqueces de mim
Quero o silêncio dos encantos loucos
Aquele que dilata o coração
E sufoca a garganta de espanto
Quero o silêncio das bêbedas paixões
Dos pensamentos inaudíveis
Que nos deixam os gestos ridículos
Quero o silêncio dos abandonados
Dos que ousam traduzir o nome
Que não quer dizer mais nada

Poemas do colega Suami Paula de Azevedo, extraídos dos livros "Palavras à Poesia Sobre a Pele" e "Pelo Caminho com o Vento".

São Paulo é Esperança Todos Dias

1
No meu antigo toca discos,
ouço com muita atenção,
lindas canções de outrora:
- "São Paulo Quatrocentão",
da "Rapaziada do Brás"...
O "Trem das Onze me traz",
saudade e muita emoção.

2
O trem pelos velhos trilhos,
a história do povo escreve!
e a cidade em seu cenário
sempre arrojada se atreve
a plantar modernidade;
sofra a gente com a saudade,
o progresso não é breve.

3
São Paulo, não perde tempo,
inova, protege, acolhe,
quer sua gente contente
não há garoa que molhe,
o entusiasmo dessa sina;
quem vence sua rotina
dá vida aos sonhos que escolhe.

4
O povo quer movimento,
quer cenário, quer ação,
quer futuro e conforto
pela glória da nação...
Todo mundo quer ter paz,
como é bom sonhar no Brás,
há poesia nesse chão!

5
Sou paulista do interior
e passo a vida na estrada,
quem gosta de movimento
quer vida facilitada:
- ao modernismo dou fé,
por todo lado dá pé,
se a cidade é bem cuidada...

6
Quando estou na capital
tenho eficiente o transporte;
seguro, rápido, alegre,
em toda estação o bom porte
que, nem posso imaginar
sem metrô pra trabalhar...
Ser pontual é ser forte!

7
A inspiração não me falta
e até me lembro que, a gente,
há trinta e cinco anos tem,
esse serviço excelente
que movimenta a cidade
e dá ao povo a vontade,
de viver mais... felizmente!

8
São estações variadas
espalhadas pela cidade,
elevados, com plataformas
e na sua versatilidade,
põe no cenário, poesia,
integra-se com a ferrovia,
caminho de prosperidade.

9
Entre fixas e rolantes,
gente que faz movimento
no ganha pão habitual...
páro, olho e meu pensamento
cola imagens que, resumo
para as falas de consumo...
Reportagens do momento!

10
Quem tem vida solidária
dá valor à cortesia:
por favor... muito obrigado...
dá licença... que poesia,
nas convenções sociais;
todos nós somos serviçais,
pelo pão de cada dia.

11
Jânio Quadros fez história
melhorou a imagem do Brás.
com novas edificações
e o povo cheio de paz,
se orgulha a todo o instante,
por ser sempre o Bandeirante,
de eras que não voltam mais...

12
Nossa vida que é cíclica,
deve a Anchieta, o jesuíta,
que nem sabia, Senhor!
a vida rica e catita
que sua instalação
da história da fundação,
seria plena e bonita.

13
Na seqüência do transporte
o tempo não segue à toa
e o cenário num instante
de São Paulo da garoa
vai e volta com o metrô
rápido como um alô
de celular... Coisa boa!

14
Na integração, a saudade
que traz Maria Fumaça
é recompensa gostosa
é vida cheia de graça
é tempo cheio de glória
é povo que faz a história
nas estações que se passa.

15
Sertanejo, deslumbrado,
da capital do Interior,
Paro e olho como poeta
e fotografo com amor,
a cidade velha e a nova...
Faço haicai, cordel e trova,
São Paulo em tudo tem cor.

16
Fora e dentro da paisagem
do metrô, pelas estações,
a moda que inventa moda
tem espaço de emoções,
nos projetos culturais,
além de artes visuais
concertos e belas canções

17
Viajando, cheio de sonhos,
o usuário com vigor,
faz a vida mais contente,
tem no metrô, o esplendor,
do minuto brasileiro.
Sabe que tempo é dinheiro
e dinheiro é vida e valor.

18
Nestes bons trinta e cinco anos
dos quais dez Companhia
de Trens Metropolitanos.
São Paulo que é poesia.
tem seus pontos cardeais
movimentos cordiais,
na vida do dia a dia...

19
Entre túneis e superfícies.
neste cenário bacana,
paz pelas quatro estações
com as vitrines de Ikebana...
Esculturas e poesia...
O jornal de todo o dia...
É obra que de Deus emana.

20
Nesse progresso incomum
de terra quatrocentona
dos cafezais à indústria
ao comércio em maratona
o povo que se desdobra...
O imigrante tudo cobra
da cidade que emociona.

21
Cenário amigo é o Metrô!
solidário, nada esconde...
Relembre através da história
a vida dura do bonde,
no meu relógio de ponto...
Todo mês quanto desconto!
A rapidez corresponde.

22
"São Paulo dos meus amores"
treze listras das bandeiras
progressista a todo o instante
de vida gentil de ordeira
cidade que se desdobra,
urbanidade que sobra
pela pátria brasileira.

23
Nesta vida, coisa boa,
meu trem das onze, é fulgor,
corre até a meia-noite;
é transporte de valor
é segurança de fé
é sorriso que dá pé
é verso de cantador...

24
Vai-e-volta, gente bonita,
da pátria do bom cidadão
em sua faina diária,
carteira assinada ou não
que, São Paulo que é formiga
também é cigarra e abriga
a saga da Educação.

25
Neste mundo transversal
temas escolares tantos,
em seu cenário tem vida...
Num programa, com encantos
comunitários, o fascínio,
dá a todos tirocínio
da grandeza em todos cantos.

26
No "Ação Escolar" projeta
a influência, positiva,
do metrô pela cidade...
Movimento que motiva,
no urbanismo, novos lares,
é nos bancos escolares,
consagra-se em voz ativa.

27
Os conceitos cidadãos
são plenos em toda parte
faz da cultura de então
dar vivas a vida com arte
que o visual é fartura
que encanta, fascina e apura,
É saber que se reparte...

28
Como patrimônio público
paisagístico e de transporte
Metrõ é riqueza da história,
trouxe à vida a melhor porte,
é tudo que o povo queria...
Foguete de todo o dia
do meu trabalho, o suporte.


29
São Paulo é renovação,
canteiro da arquitetura,
pátria de nossos estados
onde se sonha fartura...
Ambição a luz do dia
de noite sonho e poesia...
Vive-se bem... A vida é dura!

30
Por todas as linhas que passo,
por todos sonhos que planto
a trabalho ou a passeio
O metrô tem seu encanto
viajo em paz, sossegado,
feliz e cheio de agrado
e meus limites suplanto.

31
Recordo dos velhos tempos
do transporte e nossa história...
Museu Gaetano Ferolla
têm muito da trajetória...
O bondinho da novela
se à saudade dá trela?
Metrô é conforto e glória!

32
Salve os metroviários. Viva!
gente amiga e de paz!
quem trabalha por São Paulo,
é ordeiro em tudo que faz.
Viva minha gente de fé,
em Sampa tudo da pé!...
Viva o Metrô! Viva o Brás!

Poema do colega Nilton Manoel, de Ribeirão Preto, em homenagem aos 450 anos da cidade de São Paulo.

Fiandeira

Fia
fiandeira
fiapos de luz
de luzes
entrecruzados
de amor
de versos tristes

Da colega Marina Rolim, de Santo André

Minha tristeza

Aos cuidados de todos aqueles que apesar de não nos conhecermos pessoalmente, tornaram-se parte da minha vida.

Os meus sinceros e mais profundos sentimentos de dor em relação à ausência corpórea da nossa querida Drª Sueli, que por muitas e muitas vezes me atendeu com a delicadeza e certeza do que falava, certeza esta, de quem sabia e conhecia a aflição de um diretor de escola, que têm como lema o trabalho sério e as cargas pesadas do dia a dia. Como acesso a minha bíblia (site da Udemo), várias vezes ao dia, e este foi o primeiro acesso , a minha surpresa foi tão grande quanto
a minha tristeza em saber do falecimento da Drª Sueli. Só me resta deixar registrado o meu muito obrigada por todas as vezes que me ouviu me passando forças. Que o seu descanso seja abençoado por aquele que nos criou. ADEUS.

Amal Michel Chedid - Diretora da EE Prof. Laerte Panighel
Diretoria de Ensino - Região Leste-1.

À Su


"-Chico? Posso incomodar você só um pouquinho?"
Era assim que a Su invariavelmente chegava à porta da minha sala, discreta, silenciosa, com aquela sua voz meiga e suave.

-"Suzinha, entra. Você nunca incomoda."
Era assim que eu, também invariavelmente, me dirigia a ela.

Realmente um doce de pessoa, simples e humilde até no nome, a Su só me incomodou uma vez: quando morreu. E como incomodou.

Chico Poli

Trovas da Glorinha

Música em MP3

Com a névoa como manto
A fada na madrugada
Aumenta a graça e o encanto
Daquela a rosa orvalhada

Por meu amor desprezada
Lancei-me em outra aventura
Mesmo que não dê em nada
Esquecê-lo é minha jura

Sofro mágoas, tantas, tantas!
Silêncio sem compaixão
Tu negas respostas quantas,
Para o aflito coração

É doce não sei de quê,
Eu sinto nem conto quando
Me disseram que é porquê
Sem querer estou te amando

Primeira estrela que vejo
Dai-me na vida um romance,
É tudo que mais desejo:
Um amor a meu alcance

O pequeno grão de areia
Enfrenta a fúria do mar
No chão rola, luta e anseia
Viver ao sol e ao luar

Vendo o mundo de um mirante,
Notei ausência de amor
Como verdade, gritante
Tristeza miséria e dor

Você todo encanto e graça
Transformou meu coração,
Pois sofri em sua taça
Doce sabor de paixão

Se o amor dura uma vida,
Hei de amar-te até morrer,
Se morrer é despedida,
Nenhum adeus virás ver

Ao partir como legado
Deixo memórias de amor
Viver ido, meu amado
Foi você, saudade e dor

Letra de Glória Mourão Sandoval
Música de Luiz Gonzaga de Oliveira Pinto.

I N T E R N A U T A

Cada dia
mais solitário
mais profundamente
solitário
diante da máquina
indiferente e fria
o homem
sonha
em ser feliz
sozinho.

MARCAS DO TEMPO

Marcas do tempo
ficaram indeléveis
nos olhos sem brilho
na boca quase fechada.

Marcas
para sempre
gravadas
na dor
na saudade
no adeus.

Foram-se
esvoaçando entre nuvens
carregadas de peso
de chumbo
de água.

E caíram mais além
para alegria
daqueles que sonham
com o despertar das flores
e do sol
inundando a vida.

Da colega Marina Rolim, de Santo André. Marina pertence à Academia de Letras da Grande São Paulo. Com o poema "Internauta", venceu o Concurso Nacional e Internacional de Poesia "Lilia A. Pereira da Silva", em Itapira - SP.


Amor em Tempo de Escola


Naquele tempo, eu tinha de oito para nove anos e freqüentava, na roça, a Escolinha dos Tozatti, que ficava a uns cinco quilômetros do nosso sítio, e foi lá que eu aprendi, de um modo meio precoce e inusitado, as primeiras lições do sentimento e da sedução. A nossa turma era mista e pouco homogênea, englobando alunos de primeira a terceira séries, numa mesma classe. Os que terminassem as três séries e pretendessem continuar estudando tinham que se deslocar para o Grupo Escolar de Ribeirão Corrente, a cidade mais próxima.

Nossa professora era uma moça encantadora e estava predestinada a mudar o rumo de nossas vidas. Lembro-me como se fosse ontem o dia em que ela chegou. Sorrindo, disse que se chamava Dorotéia e que sentia muita alegria e emoção em nos conhecer. Em seguida, foi de carteira em carteira e deu um abraço em cada um de nós, como se fôssemos as pessoinhas mais importantes do mundo.

Ainda me lembro do Jaime Segismundo encolhendo-se, constrangido, na hora dos cumprimentos, e do Manoel do Lazino, depois do abraço perfumado, virando-se para nós pra dizer baixinho:- Isso só pode ser coisa de Deus!

Esqueci-me de dizer que, antes da apresentação, ela se benzeu com o característico "em nome do Pai...", foi no caminho da lousa, desenhou um coração e gravou dentro dele com giz colorido duas letras: VF. Mais tarde, ficaríamos sabendo que representavam o nome de seu namorado, futuro marido e o grande amor de sua vida.
Antes do recreio, ela presenteou as meninas com vários brinquedos, mas eu só me lembro das argolas, de algumas cordas de pular e umas enormes petecas coloridas. Nós, os meninos, ganhamos uma linda bola de borracha, que ainda não conhecíamos. O nosso futebol, durante o intervalo das aulas no terreiro do café da fazenda, era com bola de meia, bexiga de boi e, às vezes, com fruta-de-lobo, previamente preparada. Daí, o nível do nosso transbordamento! Depois da meia hora do recreio, naquele dia, foi preciso de mais uns dez minutos para que a gente pudesse se refazer da emoção e do cansaço.

O fascínio pela professora e a enorme paixão pelo futebol não me permitiram prestar mais atenção em uma loirinha de olhos claros que se sentava na minha frente e que me dispensava carinhosa deferência. Talvez um ano mais velha do que eu, Margarida saía para o recreio, quase sempre do meu lado e, antes que eu disparasse rumo ao campinho de bola, ela dava um jeito de me oferecer alguma fruta ou doce de sua merenda.

Um dia, foi muito especial. Eu estava distraído cuidando dos exercícios no caderno, sentado ao lado da parede, em uma carteira dupla. Ao meu lado, na fila do corredor, estava o Vilceu: à minha frente, a loirinha, que costumava sentar-se bem ereta na cadeira, com suas tranças douradas se derramando sobre a minha carteira, algumas vezes roçando o meu braço. Durante uma aula, de repente, eu senti um leve toque na minha perna esquerda, por baixo da carteira. Olhei meio assustado e notei que ela me passava um embrulho; alguma coisa envolta num papel verde. Peguei o pacote, ela deu uma olhadinha para trás, com um sorriso malicioso que me deixou encabulado. Senti o coração batendo descompassado.

O presente era simples, mas tinha algo de muito sedutor e envolvente. Tratava-se de dois ou três frutos do ingazeiro, mas não daqueles acinzentados e duros que a gente encontra geralmente nas margens dos rios. Era daquele ingá verde dos quintais, de bagos carnudos e saborosos. A tarde toda fiquei pensando no detalhe da cena e, antes de dormir, eu ainda me indagava sobre o inesperado gesto da garota. Imaginei que poderia ser a história da professora apaixonada espalhando efeitos contagiantes.
No outro dia, tudo o que eu tinha a fazer era procurar um jeito criativo de retribuir o presente da menina. Deveria ter ido ao cerrado procurar araçás, gabiroba, mamica-de-cadela, murici, jambo ou um outro fruto da época, alguma coisa delicada que traduzisse minha gratidão. Mas, diabo de menino bobo da roça, eu amanheci foi preocupado em conferir as arapucas armadas na véspera... Depois, meu pai me mandou apartar um cavalo baio no mangueiro; minha mãe me mandou levar um toucinho na casa da tia Dita; o tempo foi passando e eu acabei me esquecendo totalmente do dever da retribuição.
Na hora que eu entrei na classe e avistei Margarida sentada no seu canto, parecendo ainda mais bonita com os cabelos soltos e um pouco úmidos, veio-me à consciência a falha lastimável. Assim que me sentei, abri depressa a sacola para conferir o que minha mãe tinha mandado de lanche. A esperança é que tivesse pelo menos a goiabada com queijo que ela mandava sempre, ou qualquer outra coisa diferente que pudesse atenuar o desastre da minha desatenção. Talvez por falta de outra coisa, mamãe tinha mandado duas bananas-marmelo, daquelas enormes que só servem para fritar, pois são muito ruins de gosto. Então, não fosse eu o tal menino bobo e atrapalhado, poderia muito bem ter deixado para presenteá-la no dia seguinte, Mas não. Quando dei por mim, no comecinho da aula, já estava fazendo um sinal no seu braço esquerdo e passando por debaixo da carteira os dois bananões amarelos. Ela ainda apertou levemente a minha mão antes de pegar o embrulho com a ponta dos dedos, mas, ao abri-lo, não conseguiu disfarçar o desapontamento.

Depois disso, ela andou faltando às aulas e quando retomou a freqüência tinha uma menina esquisita ocupando a sua carteira. A professora mandou-a sentar-se mais à frente, do lado direito da sala. Eu notava que o seu interesse pelas minhas coisas e o modo dela me olhar e me cumprimentar não chegaram a mudar muito, mas achei que a situação nunca mais seria a mesma.

Certa vez, porém, num recreio, alguém descobriu que havia um bando de marrecos selvagens nadando num pocinho do ribeirão, um pouco abaixo da ponte. Praticamente todos os alunos foram para lá, e alguns meninos resolveram pular na água tentando agarrar as aves. Mas foi só correria e confusão, porque, além dos marrecos nadarem com uma rapidez impressionante, quando os moleques chegavam perto, eles voavam sem qualquer embaraço. Já tinha passado a hora do intervalo e a professora desesperada começou a bater o sino com muita força e a gritar chamando os alunos, preocupada com aquela história dos meninos na água.

Quando dei a volta no bambuzal e peguei a trilha de volta, deparei-me com a Margarida sozinha, no meio do caminho. Ela sorriu e me ofereceu uns biscoitinhos do seu lanche. No momento em que eu parei na sua frente, ela olhou para um lado, para o outro, pôs a mão direita no meu ombro e me deu um beijo rápido, mas doce como o bago carnoso do ingá.

Depois, por uma série de desencontros, acabou não acontecendo mais nada. O ano terminou, ela saiu da escolinha e nunca mais nos vimos, nem tive notícias dela. Soube apenas que casou com o filho de um sitiante do Bom Jardim.

Por onde andaria agora aquela loirinha meiga e carinhosa? Não sei se teve filhos, se foi feliz, se conserva ainda lembranças daquele tempo, daquela professorinha apaixonada e de toda aquela nossa turma. Hoje, o que eu mais gostaria de saber é se Margarida guarda alguma recordação daquele menino desajeitado e tímido que foi, talvez, a sua decepção amorosa; mas em quem ela deu um beijo apressado, com gosto de ingá maduro, em uma pequena trilha ao lado do ribeirão, naquela inesquecível tarde de marrecos esvoaçantes.

Do livro " No Tempo dos Araçás Floridos" , do colega Edson José Senne, de Ribeirão Preto.


ACEITAÇÃO

Obrigado Senhor
pela vida que me deste,
exatamente como ela é,
e da maneira como tem sido.

Obrigado pelos sonhos que tive,
e que não floriram.
pelos sonhos que tenho,
e que ainda florirão!

Obrigado também pelas falhas
de que a vida se tece,
como os furos de uma renda
que, por vezes se rasga,
mas vossa mão divina
sempre conserta
com dedos cheios de amor.

E, obrigado Senhor,
principalmente pelos retoques.
Ficou tudo tão diferente
daquilo que sonhei
mas, está bem assim...
Obrigado Senhor!

 

AGONIA

Queria poder extinguir
o excesso do sensível
que mina e agonia.

Deixar a dor
do partilhar, me magoar.
aplacar o desespero
sem tréguas. Chorar.

Lágrimas pelo retorno do sorriso
e da paz que perdi.

Adormecer e sonhar...

Vôo liberado e disperso,
céu aberto, sem nuvens!

Voltar a vibrar,
amar
e
ser
feliz!

Do livro FRUTO MADURO, da colega Anna Maria Gallo, da Capital