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Matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, de 05/11/10

Falta de educação

ELIANE CANTANHÊDE

BRASÍLIA - Ao declarar como prioridades a saúde, o combate à violência e a infraestrutura, a presidente eleita Dilma Rousseff deixou a educação em segundo plano, justificando na entrevista de quarta: "Eu considero que a educação está muito bem encaminhada".

É surpreendente em si, mas ficou mais ainda no dia seguinte (ontem), quando a ONU anunciou o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano de 2010). O Brasil é um dos dez países mais ricos do mundo, mas está em 73º lugar no IDH, entre 169 países. E o calcanhar de aquiles é justamente a educação.

Apesar de estar na categoria "alta" e com nota superior à mundial, o emergente Brasil tirou 0,699 e ficou abaixo da média da América Latina, que foi de 0,704. O Chile (45º lugar) e a Argentina (46º) foram os dois mais bem colocados da região, mas o Brasil também ficou atrás de Uruguai, Panamá, México, Trinidad e Tobago, Costa Rica e Peru. Está no nono lugar.

Como houve mudança de metodologia, não dá para comparar com o ano passado. E que nos perdoe o indiano Amartya Sen, Nobel de Economia e idealizador do ranking, mas toda pesquisa e todo indicador sempre dão margem para questionamentos, muxoxos, desdém.

Assim, a reação e o efeito do IDH dependem da ótica dos governos de plantão, principalmente quando são daqueles bons de marketing. Quando o resultado é a favor, copo cheio: o índice é perfeito. Se é contra, copo vazio: não vale nada.

Mas, já que Dilma está definindo nomes, programas e rumos para seu governo, deve estudar detalhadamente o IDH. Quem sabe assim não recoloca a educação ao lado de saúde, violência e infraestrutura?

A não ser que ela e Lula prefiram deixar o IDH pra lá e se fixar num outro ranking: o da revista "Forbes", que coloca Dilma em 16º lugar entre as pessoas mais influentes do mundo, à frente mesmo de Hillary Clinton e de Nicolas Sarkozy. E ela nem tomou posse ainda!

elianec@uol.com.br