Leituras

 

 

UDEMO |27/07/17 11:00 | Atualizado em 27/07/17 11:06


Matéria publicada na Folha de São Paulo, 18 de julho de 2017.

Despedidas

Roseli Sayão

Em agosto, logo após o término das férias, muitas crianças irão, pela primeira vez, à escola. E, desde já, muitos pais estão ansiosos com os primeiros dias de escola dos filhos. Quem já levou filhos pequenos à escola sabe que é uma choradeira para muitos deles. E, de quebra, para muitos pais também.

Despedir-se dos pais, para a criança, não é fácil! Ela se angustia com o que sente –como a falta de segurança e de amor, por exemplo– ao distanciar-se dos pais. E, para estes, também surge a angústia na despedida dos filhos, porque, ao deixá-los na escola, eles têm a sensação –e os sentimentos consequentes– de que estão abandonando os filhos, tão pequenos!

É de apertar o coração assistir a algumas cenas na porta das escolas nos primeiros dias de aula, do semestre ou, em alguns casos, em qualquer época do ano. Vemos crianças berrando, com lágrimas verdadeiras escorrendo pelo rosto, outras se agarrando nas pernas dos pais, e outras, ainda, se jogando ao chão, tornando quase impossível tirá-las de lá. Como elas ficam fisicamente fortes e pesadas nessas horas, não é?

Já os pais, muitos deles ficam frágeis nessa situação. Alguns consideram até a possibilidade de deixar para levar o filho para a escola mais tarde, tão grande é o sentimento de tristeza ao vê-lo desesperado na despedida. Mas essa despedida é importante, porque ir para a escola significa, entre outras coisas, crescer.

É: despedidas são difíceis, tanto para as crianças quanto para os adultos. Nós também sofremos com as despedidas, mas temos condições de aguentar o tranco.

As crianças, em formação ainda, precisam, e muito, da ajuda dos pais e dos professores para aprender a lidar com os sentimentos que tanto as afetam com as despedidas porque elas serão muitas, e ocorrerão durante toda a vida!

Aliás, desde bem pequenas as crianças lidam com despedidas: despedem-se da amamentação, das fraldas, dos dentes, do berço, da companhia constante da mãe e/ou do pai; despedem-se dos avós e dos bisavós, em determinadas situações, para sempre. A cada despedida, um novo sentimento pode incomodar, e é aí que os adultos podem colaborar com as crianças.

Acolher o sofrimento que os filhos experimentam nas despedidas, mas permitir que ele aconteça, para que possa ser superado, é importante. Para isso, os pais precisam manter a firmeza, mesmo que seja com fragilidade, porque é o que ajudará as crianças a entenderem melhor o que se passa com elas e, assim, se conhecerem. Essa firmeza passará aos filhos a imagem de que, se os pais conseguem, eles também conseguirão.

É: despedidas são difíceis, tanto para crianças quanto para adultos. E é enfrentando essas dificuldades todas que me despeço de vocês, caros leitores, e de nossas conversas semanais neste espaço.

Minha despedida precisa vir acompanhada de agradecimentos: por sua companhia nesse tempo, pelos enriquecedores diálogos que mantivemos indiretamente, pelas reflexões que me permitiram crescer e pela amorosa acolhida que tive da parte de vocês.

Agradeço o respeito por meu trabalho e o espaço para a educação, sempre necessário, mas que poucos veículos dão.

E como as despedidas não devem se alongar para que não sejam ainda mais sofridas, finalizo com o meu "Muito Obrigada"!

 


ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

 

 
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