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UDEMO | 24/07/17 11:00 | Atualizado em 28/07/17 16:47


Matéria publicada na Folha de São Paulo, 16 de julho de 2017.

O segredo é o gestor

A Inglaterra enfrentou há algumas décadas problemas graves em suas escolas. Elas eram depredadas, vandalizadas e desrespeitadas por quem era aluno e por quem não era aluno. Inexistia o sentido de pertencimento, ou seja, a percepção de que a escola pública não é do governo, mas sim do povo.

Ela é construída e funciona com dinheiro do povo, portanto parece paradoxal que tenha de ser reformada continuamente, não em virtude de desgaste natural, mas por causa de maus tratos causados por quem deveria protegê-la. Destrói-se o próprio patrimônio, pois que é de todos, inclusive de quem o extermina. É uma espécie de suicídio patrimonial só explicável à luz da patologia social.

Foi quando a inteligência britânica resolveu promover cursos de conscientização e liderança de diretores dos estabelecimentos de ensino. O sucesso foi imediato. Uma liderança bem formada é a receita para solucionar problemas irracionais como esse do vandalismo contra o patrimônio coletivo.

Não é diferente em outros países. Investe-se muito em treinamento de liderança dos gestores de escolas. Costuma-se dizer que o diretor ou diretora é a alma da escola.

O aspecto físico, a estrutura, o clima, tudo reflete a direção. É por isso que, sujeitas às mesmas vicissitudes de uma crise gravíssima, que impede a satisfação de todas as demandas, as escolas ostentam um quadro extremamente distinto entre si. Enquanto uma pode ser o retrato do abandono, do desmazelo e do desalento, outra é um exemplo de eficiência e de harmonia.

O segredo é o gestor que investe na sua equipe, mantém-na animada, conhece os alunos, procura seus pais. O diretor ou diretora que ouve, dialoga, exerce autoridade com mansidão, após exercer o talento da persuasão. Esse gestor racional e afinado com as necessidades de uma sociedade cada vez mais complexa e heterogênea é o que o Estado de São Paulo está procurando com o seu pioneiro concurso para provimento de 1.878 vagas de diretor de escolas estaduais.

Pela primeira vez haverá seleção baseada em capacidade de gerir, em habilidades que não dependem de memorização, mas de boa vontade, sensibilidade, comprometimento com a causa pública e capacidade de se adaptar a condições adversas.

Haverá depois um acompanhamento dos aprovados, baseado no desempenho e no mérito, para a efetivação no cargo. É de gestores entusiastas e conscientes de que a educação é a chave para a resolução dos problemas brasileiros que São Paulo necessita.

Esperamos que acolham esse convite para concorrer a um cargo de relevância extrema todas as pessoas de boa vontade, de boa fé e de verdadeira intenção de converter a educação paulista num paradigma não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro.

JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo.

 

 

 
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