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UDEMO |22/08/16 10:54| Atualizado em 22/08/16 10:56


Matéria publicada no Portal O Globo - 17/08/2016 - Rio de Janeiro, RJ

Como aprender Física com situações
do seu dia a dia

por UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

Esportes, a mudança na cor das folhas que caem das árvores, nosso almoço de todos os dias e o uso da tecnologia touch screen. Essas fatos diversos são apenas alguns dos eventos cotidianos que apresentam oportunidades objetivas de aprender Física no dia a dia. Porque é um erro achar que a matéria se resume unicamente aos cálculos e fórmulas.

Os professores recomendam que o aluno relacione o que aprende na sala de aula com o seu cotidiano. Os Jogos do Rio, que monopolizam a atenção do mundo neste momento, podem ser inclusive uma boa maneira de começar, como indica Bruno Henrique da Costa, professor dos colégios Santa Mônica e do Notredame.

– Ao nadar, o nadador empurra a água para trás. Automaticamente, a água o joga para frente. Esse movimento de vai e volta é a Lei de Newton. O nadador mais alto, com membros mais compridos, terá mais envergadura e irá conseguir empurrar mais água para trás. E assim a água irá empurrá-lo para frente. Quem tem o braço um pouco menor terá que girar o braço mais vezes para compensar. Isso é pura Física.
Imaginar um carro fazendo uma curva em alta velocidade é outra oportunidade para aprender:

– Meus alunos sabem que um carro, para fazer uma curva, não pode entrar muito rápido nela. Isso acontece por causa das forças de atrito e centrípeta. Os alunos acham que não precisam pensar nessas forças, mas pensam, intuitivamente. Se não posso entrar na curva a 180 km/h é porque o atrito não vai ser suficiente pra manter o carro no chão e a força centrípeta não vai conseguir deixar o carro na curva.
Mesmo quem anda a pé pode aprender, especialmente se estiver subindo uma ladeira.

– Pode reparar: as pessoas naturalmente sobem em ziguezague, pois percebem na prática que cansa menos do que subir em linha reta – aponta Bruno.

Robson Vieira é professor do Colégio Notredame, Colégio Sarah Dawsey e Escola do SESI. Ele traz de volta o tema esportes citando a prática do arco e flecha.

– Quando o arco fica flexionado e tensionado com a flecha, ele fica com uma energia potencial elástica, uma energia acumulada. Quando a flecha é liberada, essa energia se transforma em energia sintética, energia de movimento. Então a flecha adquire velocidade e atinge o alvo. Ao atingir o alvo, ela tem também o poder de penetração do alvo, que ainda transforma parte da energia em som e calor.

Física na cozinha

Dá para estudar Física também quando observamos a diferença entre um alimento cozido na panela de pressão e outro, em uma panela comum - Fotolia
Observar a ação do tempo nos alimentos também nos ajuda a aprender, como destaca Robson da Silva Gonçalves, professor da Escola Técnica Rezende-Rammel, ao falar da termometria:

– Você já reparou que o pão fica duro rapidamente se deixado fora do saco plástico? Mas por que isso acontece? É simples: a maciez do pão está relacionada à quantidade de água que existe em seu interior. Se o pão fica fora do saco, sua água evapora e ele endurece.

Ainda no território da cozinha, Robson da Silva fala do cozimento dos alimentos na panela de pressão:

– Em uma panela normal, a água ferve a 100°C. Quando a gente usa uma panela de pressão, essa temperatura aumenta. O feijão na panela de pressão está sendo cozido a 120°C. Quando os alimentos são cozidos a uma temperatura maior, as reações químicas associadas ao cozimento ocorrem mais rapidamente, por isso o cozimento é mais rápido.

Como funciona o touchscreen

Robson Viera agora toma como exemplo a tecnologia do touchscreen, cada vez mais presente em dispositivos como smartphones, tablets e TVs, para falar de eletricidade.

– Essas telas capacitivas são formadas por uma camada eletricamente carregada que fica sobre a tela. Quando tocamos a tela, a gente recebe algo similar a um choque, só que imperceptível para nós. Mas o aparelho percebe essa descarga na tela, o que faz com que ele calcule as coordenadas do toque e saiba o local aonde ele aconteceu, transformando-o em comando de tela.

Com um exemplo muito mais rudimentar, ele faz referência a mudança da textura e cor das folhas ao cair das árvores no outono:

– Como preparação e armazenamento para o inverno, as folhas têm seus açúcares e amido removidos. Sem o verde nas folhas, o amarelo começa a se mostrar, podendo ser alterado para o vermelho, laranja e até mesmo púrpura. Tudo depende da acidez das substâncias químicas da folha.

Robson Vieira também finaliza apontando a principal razão de estudar física no cotidiano:

– Todos os fenômenos da natureza são explicados pela física. Ela mostra como tudo na natureza está conectado e de que forma essas conexões acontecem. Um aluno que não vence essa barreira provavelmente terá muitas dificuldades de leitura do mundo. Sofrerá com a dificuldade de desenvolver sua capacidade de observação, análise, raciocínio lógico, comunicação, abstração.


 

 

 
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