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UDEMO | 03/05/2016 11:32| Atualizado em 4/05/16 15:46


Matéria publicada na Folha de São Paulo, 03 de Maio de 2016.

Pedidos e agradecimentos às mães

No dia em que se comemora o Dia das M ães, elas serão lembradas –e receberão diferentes tipos de homenagens– por nossa sociedade e pelas famílias. Ninguém deixa essa data passar em branco, não é verdade?

Também farei minha homenagem às mães, já que nossas conversas falam com muita frequência da maternidade. Minha homenagem será em forma de alguns pedidos e de agradecimentos a elas.

Meu primeiro pedido às mães é para que cultivem a paciência. Paciência com as noites mal dormidas pelo choro do bebê, com as birras e teimosias dos menores, com as discussões muitas vezes sem causa dos adolescentes e até mesmo com a aparente ingratidão e distanciamento de filhos adultos.

Eu sei que é difícil, porque não se trata apenas de uma birra, de uma noite sem descanso, de uma discussão com o filho adolescente, de uma mágoa com o descaso dos que já são adultos; são muitas birras, noites sem descanso, discussões, mágoas. Mas criar filhos é isto: um "investimento a fundo perdido", como diz um colega. Por isso, devo agradecer às mães a amorosidade aos filhos, a generosidade, o sacrifício por eles feito na surdina, sem que ninguém soubesse, a busca quase desesperada das melhores soluções quando elas enfrentam problemas aparentemente insolúveis com os filhos. Agradeço, principalmente, por elas não terem desistido, por mais adversas que tenham sido as situações vivenciadas com e/ou por eles.

O segundo pedido que faço para as mães é para que não se culpem pelos erros cometidos com os filhos, pelas decisões tomadas que, bem mais tarde, se mostraram equivocadas para eles, pelos anseios que tinham, pelas frustrações sentidas por causa deles.

As mães, como todas as pessoas, têm defeitos que não desaparecem milagrosamente com a maternidade, têm limites, têm pontos cegos e, pelos filhos, tentam tirar o melhor de si, mas nem sempre conseguem.

Por isso, agradeço às mães que se perdoam, que procuram se conhecer para se entender e que, principalmente, aceitam os seus filhos quando eles são, se tornam ou agem de modo muito diferente do que almejavam ou esperavam.

O terceiro pedido, meu último nesta conversa, é para que as mães permitam que seus filhos levem a vida escolar como podem, como conseguem no momento. Temos dado um valor demasiadamente grande aos resultados escolares e, com isso, onerado os filhos com broncas, cobranças e decepções indevidas.

Eles não precisam gostar de ir para a escola, não precisam tirar boas notas. Eles precisam aprender, ter curiosidade, vontade de saber mais, e isso não é apenas na escola que se consegue. Quanto à escola, basta que eles sigam sempre em frente, como diz muito bem Natalia Ginzburg em seu livro "As Pequenas Virtudes".

Por isso, agradeço às mães que não caem na tentação de acompanhar cada passo da vida escolar dos filhos, e principalmente às que consideram os ensinamentos das virtudes, da honradez, da moral e da ética como mais valiosos do que qualquer outra coisa.

Finalmente, agradeço às mães que se deixam afetar por reflexões a respeito do exercício da maternidade, como estas que aqui fazemos semanalmente, e que perdem minutos ou horas de sono se reorganizando em sua função.

Desejo um domingo pleno de afetos para as mães!


ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

 

 
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