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Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, 5 de janeiro de 2011.

Para educadores, mudar a progressão não basta

Divisão de ciclos deve ser acompanhada de outras mudanças, defendem especialistas

DE SÃO PAULO

A mudança na progressão continuada no ensino do Estado de São Paulo foi elogiada por educadores ouvidos pela reportagem. Mas eles ressaltam que ela precisa ser aliada a outras alterações.

Ontem, a Folha divulgou que os ciclos do ensino fundamental devem passar para três, elevando o número de séries em que o aluno é avaliado de forma mais completa e pode ser reprovado.

Hoje, isso acontece ao final do quinto e do nono ano. Com a mudança, poderá ocorrer também no terceiro ano, ao final do ciclo de alfabetização dos alunos.

"A medida é interessante, mas inócua se não acompanhada de outras mudanças fundamentais, como uma melhor organização dos ciclos e um professor tutor, que acompanhe de perto o aluno", afirma o professor da Faculdade de Educação da USP Nilson José Machado.

Para Rose Neubauer, professora aposentada da mesma faculdade e ex-secretaria de educação de SP, a medida precisa ser acompanhada de uma recuperação sistêmica.

"Tem que recuperar o aluno passo a passo, não ao final de cada ciclo. Deixar para corrigir tudo só no final não vai adiantar."

REPETÊNCIA
Maria Helena Guimarães, ex-secretária de educação estadual SP, diz que a mudança para os três ciclos foi considerada a mais adequada. Ela participou de um grupo de estudos que avaliou no ano passado uma série de possíveis mudanças no regime de progressão continuada, a pedido do então secretário, Paulo Renato Souza.

Segundo ela, a proposta não é aumentar a reprovação, pois apenas "casos extremos" poderão ser retidos, ao contrário do que acontece ao final dos outros ciclos.

"As crianças com mais dificuldade seriam encaminhadas para salas de recuperação", afirma.

A Secretaria Estadual de Educação também afirmou que introduzirá uma prova unificada para avaliar os alunos da rede.

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